Página de doutrina Batista Calvinista. Cremos na inspiração divina, na inerrância e infalibilidade das Escrituras Sagradas; e de que Deus se manifestou em plenitude no seu Filho Amado Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador, o qual é a Segunda Pessoa da Triunidade Santa

sábado, 22 de outubro de 2016

ESBOÇO EM SALMOS 91.15-16: “A LONGEVIDADE DA SATISFAÇÃO”




Jorge F. Isah







INTRODUÇÃO

- Em nossa última meditação e exposição sobre este Salmo, vamos analisar mais alguns aspectos da promessa divina expressa nos últimos dois versos.

- Em meio a tantas promessas, nas quais Deus nos assegura que protegerá, sustentará, fortalecerá e, providentemente, nos guiará em seus santos caminhos, ouvirem de sua boca uma derradeira declaração de amor e zelo para com o seu povo, a qual nos encherá da mais vida esperança.

- Vamos pensar, um pouco mais, sobre a suficiência de Deus na vida do crente, e os aspectos eternos da relação do Deus eterno com o seu povo eternamente escolhido para ser seu.


DEUS SEMPRE RESPONDE

- Deus promete que nos responderá. É um fato! Mas como se dá essa resposta? Será no sentido dele sempre atender às nossas demandas, conforme a nossa vontade?

- Ou a resposta divina vai muito mais além do que o nosso imediatismo e veleidade (vontade inútil, imperfeita) nos leva a invocá-lo?

- Sabemos que a vontade divina, seus atos, e, também, suas respostas, são santas, Justas, perfeitas e eternas, enquanto, inúmeras vezes, queremos apenas que Deus se conforme à nossa vontade, que ele as satisfaça, cuja volição sempre está contaminada (ainda que em porções mínimas) pelo pecado.

- Portanto, sendo Deus perfeito, soberano sobre todas as coisas e sobre todos, ele não se sujeitará as suas criaturas; não se sujeitará à imperfeição, muito menos aos nossos pedidos carnais, transitórios e egoístas.

- Com isso, não estou dizendo que o crente não pode pedir e invocá-lo para coisas justas e santas. Não é isto. Porém, certamente, se o nosso pedido não estiver em sintonia com a vontade divina não passará de um mero veículo para os nossos prazeres imperfeitos e viciosos.

- Por que o Senhor deveria satisfazer-nos em algo que está distante dele, o qual abomina e nos escraviza, impedindo-nos de reconhecer, apenas nele, a suficiência da vida?

- Bem, a resposta divina nem sempre estará em harmonia e conformidade com a nossa vontade ou pedido; ou seja, a resposta nem sempre será nos nossos termos, mas nos termos divinos.

- A promessa é de que ele responderá, revelando-nos não ser ele “um deus” passive, distante ou indiferente ao clamor do seu povo.

- Contudo, antes de ouvirmos a sua resposta é necessário pedir, suplicar, invocá-lo.

- Qual o significado de “invocar”? Ela se apresenta como um chamado, um pedido de auxílio, de proteção, uma súplica, um rogo.

- Invocar a Deus é chamá-lo em nosso auxilio; é um pedido de socorro.

- Esse pedido pode ser de qualquer coisa ou nível.

- A garantia é a de que Deus não fará “ouvidos moucos”, ou ficará surdo ao nosso clamor.

- Entretanto, não há a garantia de que a resposta será conforme o pedido, porque o Senhor vê muito além da mera transitoriedade.

- Em 2 Co 12.7-9, lemos:

“E, para que não me exaltasse pela excelência das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás para me esbofetear, a fim de não me exaltar.
Acerca do qual três vezes orei ao Senhor para que se desviasse de mim.
E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo”.


- Ora, podemos afirmar que Deus respondeu a Paulo? E Paulo foi atendido?

- Sim, para ambas as perguntas, ainda que Paulo não tenha conseguido aquilo que pediu, mas obteve algo muito maior e melhor.

- Houve um rogo, uma invocação: Paulo tinha um espinho na carne, algo que o afligia, o angustiava e incomodava. Por três vezes pediu a Deus para tirá-lo.

- Muitos afirmam ser uma doença (provavelmente a cegueira), o que parece mais provável do que a afirmação de outros de que era um pecado.

- A resposta do Senhor foi tirar-lhe o espinho? Não. Qual foi então?

- Ele disse: A minha graça te basta!

- A sua resposta não foi conforme o pedido do apóstolo. Ele queria se ver livre do que o afligia, mas Deus tinha por propósito revelar-lhe que, mesmo no sofrimento e na dor, Paulo deveria se satisfazer apenas no Senhor, em confiança, em fé, em esperança.

- E essa é a sua resposta: por mais que os dissabores desta vida nos cerquem, nas horas mais densas, negras e terríveis, onde supomos estar abandonados, entregues à própria sorte, Deus estará conosco, acalmando-nos o coração, trazendo-nos paz!

- Ao dizer: “minha graça te basta”, ele estava dizendo a Paulo: satisfaça-se em mim, e nada te faltará, pois nada é mais necessário para a sua satisfação e felicidade do que eu.


NÃO OS ABANDONAREI

- Por isso, Deus disse, também: “estarei com ele na angústia; dela o retirarei, e o glorificarei”.

- Parece cada vez mais difícil, mesmo entre os cristãos, nos dias de hoje, entender as coisas além deste mundo. As pessoas estão tão envolvidas consigo mesmas, com as coisas transitórias e temporais, que se esquecem das eternas, e do Deus eterno.

- Somos imediatistas, e vislumbramos quase sempre apenas os nossos umbigos ou a ponta do nariz.

- Tudo tem de ser feito hoje, agora, e não podemos esperar, ter paciência, aguardar no Senhor. Como crianças mimadas se não recebemos o que queremos, damos os “chiliques”, nos desesperamos, ainda que seja apenas uma histeria interior.

- Murmuramos e jogamos a culpa nos outros ou em Deus, por nossos dissabores, pela aflição e sofrimentos que têm como causa a nossa inimizade ou desobediência ao Senhor.

- No entanto, Deus nos dá uma garantia, e a certeza de que a cumprirá: estarei com você!

- Mesmo que a situação descambe para o desagradável, para o sofrimento, para a dor máxima: Deus nos responderá e estará conosco!

- E sua resposta pode ser atendendo ao nosso clamor ou, como no caso de Paulo, revelar-nos que somos suficientes nele, seja na morte ou na vida, na alegria ou na dor, no conforto ou na miséria.

- Não queremos ouvir isso, mas isso em si mesmo, deveria ser suficiente para nos satisfazer e alegrar.


ELE NOS GLORIFICARÁ

- Assim como o apóstolo se gloriou em suas fraquezas, para que o poder transformador e consolador de Cristo habitasse nele, assim o salmista tem a certeza de que será glorificado, tal qual acontecerá conosco, também.

- Deus responde ao salmista e a nós!

- Ao retirar de nós a angústia, mesmo que o mal persista, Deus cumpre a promessa de não nos abandonar, de ser o nosso refúgio e fortaleza; para que depositemos em suas mãos a nossa vida, e buscarmos nele o nosso esconderijo.



TEREMOS LONGURA DE DIAS

- Em outra tradução, longura de dias, no verso, significa: “saciá-lo-ei com longevidade”

- Tanto longura como longevidade são características do que é longo. Aqui identificando que Deus dará longos dias, prolongando-os.

- Porém, nos leva a pensar: todo o crente viverá muitos anos? É isso?

- Bem, se analisarmos a vida do Senhor Jesus, neste mundo, ela não durou mais do que 33 anos. Cristo não estaria, então, fora da promessa divina?

- Por outro lado, à época de Cristo, a expectativa de vida de um homem era, em média, 30 anos. Se Abraão, Isaque e Jacó viveram próximos dos 100 anos, o mesmo não acontecia 2.000 anos depois. Hoje, alguém que morre aos 40 anos é considerado jovem, e sua morte prematura.

- Mas estaria Deus prometendo longevidade temporal? E como entender a morte de servos fiéis em tenra idade?

- Pois bem, a questão não pode ser de anos literais ou tomados ao pé-da-letra, mas o verso trata de dar um desfecho a todo o Salmo 91, o qual é, em um dos pontos mais fortemente destacados, a suficiência do crente em Deus e sua glória, e a consequente satisfação do crente.

- Um ímpio, ainda que viva 500 anos não estará satisfeito. Nem aos 10, 20, 40, e mesmo que viva para sempre. Não há nele o Espírito Santo, logo, não pode se satisfazer no Senhor.

- Ao contrário, o crente, que tem a sua vida posta nas mãos de Deus e nele confia, e espera, ainda que viva pouco, e mesmo de maneira aflitiva, sendo perseguido e em dores, considerará a sua vida suficiente, e estará satisfeito com ela.

- O suicídio é a prova de que nem mesmo a vida pode satisfazer o homem, a multidão de anos não o satisfaz a ponto dele ansiar a morte.

- Citar a vida de David Brainerd, como exemplo de um jovem que serviu ao Senhor e satisfez-se nele, mesmo na pouca vida de anos.

- A "longura” é um estado de existência em comunhão, a serviço, e escondido, abrigado, em Deus.

- Sendo Deus eterno, e tendo ele nos escolhido na eternidade, nossos dias são longos nele, e podemos dizer que estaremos nele, protegidos, para todo o sempre.

- A suficiência não está nos muitos anos em que contamos, neste mundo, mas na eternidade incontável; guardados e salvos naquele que é o Eterno, Bom e Gracioso Deus.

- Mostrando que nele, apenas nele, é possível ter vida longa, pois a morte não mais significa nada, porque estamos em Cristo, unidos eternamente, indissociáveis. Para sempre!


CONCLUSÃO

- Para terminar, Deus nos mostra a salvação. E ela não é outro senão Cristo.

- Nele está contido o nosso perdão, a regeneração de nossas almas, a glorificação e satisfação. Em Cristo, somos benditos do Pai, e estamos seguros.

- E o vislumbrar da salvação nos revela a longura de dias, os dias de plena satisfação, quando não mais haverá dor, angústia e aflição. 
 
 

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

ESBOÇO EM SALMOS 91.14: “A RIQUEZA DE DEUS PARA OS QUE O AMAM”



Jorge F. Isah






INTRODUÇÃO

- Estamos terminando a série de promessas divinas expressas no Salmo 91.

- Como já dissemos, este Salmo lindíssimo nos dá a garantia de estarmos seguros em Deus, de encontrarmos nele o esconderijo perfeito, de estarmos a salvos do mal e seu efeito devastador.

- Com isso, não se afirma a inexistência ou impossibilidade do mal nos afligir, mas ele jamais nos dominará ou subjugará, porque o Senhor é a nossa defesa e proteção.

- Proteção contra a morte definitiva e eterna, sem o temor que ela inflige sobre o homem natural; porque temos por certo não sucumbirmos ao seu terror e flagelo.

- Depois de tantas bênçãos enumeradas pelo salmista, há algumas advertências, ou melhor, condições para aquele que é o alvo das promessas esteja cada vez mais seguro e tranquilo quanto ao zelo e a segurança patrocinados pelo Senhor.

- Vamos a elas:


A PROTEÇÃO DIVINA NÃO É GERAL E IRRESTRITA

- Se compreendemos, como foi dito, que o cuidado divino não está sobre todos, mas sobre os eleitos, os alvos do seu amor eterno, o verso 14 nos apresenta uma condição para aqueles que estão debaixo da segurança de Deus: amá-lo encarecidamente!

- A palavra encarecidamente é o advérbio derivado da palavra “caro”, que significa “fazer sacrifício”, “pagar alto preço”, “esforçar” e algo “trabalhoso”.

- A ideia é de um amor sacrificial, no qual há uma renúncia voluntária, abnegação.

- Mas, qual seria esse esforço ou sacrifício?

- Primeiro, deve-se compreender que o homem, naturalmente, não ama a Deus.

- O Senhor Jesus disse, em João 14.21:

“Aquele que tem os meus mandamentos e obedece a eles, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado por meu Pai, e Eu também o amarei e me revelarei a ele”.

- O homem natural não ama a Deus porque não o obedece, antes está em constante e duradouro estado de rebelião, de insubordinação, ao Senhor. Se não o obedece, nem o conhece, como pode amá-lo? Como amar um desconhecido? Como amar sem desejar agradá-lo? Sem ser grato pelo seu infinito e eterno amor?

- Somente o amamos porque ele nos amou primeiro, mas, teremos que reconhecer o seu amor, prová-lo, senti-lo, para depois ele ser gerado em nós.

- Por isso o apóstolo nos diz em 1 João 4.19:

“Nós amamos porque Ele nos amou primeiro”.

- Enquanto não formos chamados por Deus, tivermos nossos olhos abertos, a mente transformada e o espírito regenerado, a hipótese de amá-lo será tão impossível quanto alcançar a Lua com as nossas mãos.

- É preciso que o homem morto em seus delitos e pecados seja vivificado pelo Espírito Santo (Ef 2.1-2).

- Então, reconhecendo quem é Deus, quem somos, e o que ele fez por nós, podemos, enfim, amá-lo.

- Mas, para isso, é necessário um sacrifício. Logo, voltamos a pergunta inicial, qual seria esse sacríficio?


O SACRIFÍCIO PARA AMAR A DEUS

- Até agora a atuação humana parece limitada a reconhecer tudo aquilo que Deus fez por ele e, por gratidão, o homem espiritual o aceita, de forma que não havia como não aceitar. O amor divino é tão imensamente belo, generoso, gracioso, que somente a consciência completamente depravada e aniquilada pelo pecado não reconheceria.

- Porém, o “encarecidamente” nos dá a ideia de um esforço. O que podemos fazer por Deus que ele não tenha feito por nós?

- São duas perguntas, mas a resposta vem em uma única sentença: negamos a nós mesmos; negamos o velho homem; e queremos, ansiamos, e desejamos ser como Cristo.

- Ora, Cristo é o Filho eternamente obediente ao Pai. Em seu ministério terreno, fez exatamente a sua vontade, sem que houvesse um mísero Segundo no qual o desobedeceu.

- Expressamente é o que ele diz em João 6:38-39:

“Pois Eu desci do céu, não para fazer a minha própria vontade, mas a vontade daquele que me enviou. E esta é a vontade do Pai, o qual me enviou: que Eu não perca nenhum de todos os que Ele me deu, mas que Eu os ressuscite no último dia”.

- O eleito, o homem regenerado, crucificará o velho homem:

“De modo nenhum. Nós, que estamos mortos para o pecado, como viveremos ainda nele?
Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na sua morte?
De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida.
Porque, se fomos plantados juntamente com ele na semelhança da sua morte, também o seremos na da sua ressurreição;
Sabendo isto, que o nosso homem velho foi com ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, para que não sirvamos mais ao pecado".
(Romanos 6:2-6)

- Paulo declara, em Galatas 2.20, aquilo que acontecerá com todos os crentes; uma experiência a qual ele já vivia, a seu tempo:

“Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a pela fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim.”

- Portanto, apenas aqueles que estão crucificados em Cristo e mortos para si mesmos, são livres, libertos, do mal e da sua ação destruidora.


CONCLUSÃO: NADA DE MAL ACONTECERÁ ÀQUELE QUE AMA A DEUS

- O mal existe, é um fato. Como já foi dito, ele é a ausência do bem, ou seja, onde não há amor e reverência a Deus, o mal age livremente, escravizando e aniquilando vidas.

- A promessa é de que estarmos livres, preservados do mal, envoltos no amor protetor, na segurança perene com a qual o Senhor reservou cuidado para aqueles que ama.

- Se o amamos, é porque ele nos ama; e amando-o, guardaremos os seus mandamentos.

- Desejamos ser como o nosso Senhor Jesus, o qual, vivendo neste mundo, não se sujeitou ao pecado, antes serviu completamente ao Pai em seu amor obediente e servil.

- Por amá-lo encarecidamente, estaremos seguros no alto retiro, na Fortaleza inabalável, no rochedo indestrutível que o é o nosso Deus.

- Para concluir, um verso escrito pela pena do apóstolo Paulo:

“E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.”
(Romanos 8:28)

- E esta é a nossa certeza e esperança: sabemos que o Bem Supremo cuida de nós, e nenhum mal, ou pecado, terá domínio ou controle sobre nossas vidas.
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